ORDEM, MÚSICA, GRAÇA E CORTESIA e REFINAMENTO DOS SENTIDOS
(a partir dos dois anos)
4. ORDEM
A noção de Ordem é de uma importância extrema para a criança, nomeadamente entre os dois e os quatro anos de idade. É neste período que ocorre a passagem de mente absorvente inconsciente para mente absorvente consciente, no qual a criança deixa de absorver tudo o que vê e começa a compreender e a interagir de forma mais ativa com o meio.
A ordem deve estar presente no espaço físico mas também a nível cronológico, psicológico e emocional, por isso, é importante que:
- As coisas não mudem constantemente de lugar, por exemplo, mobiliário, objetos pessoais e brinquedos.
- As pessoas em seu redor tenham atitudes consistentes, isto é, se comportem da mesma forma perante uma mesma situação.
- As rotinas sejam estáveis, ou seja, as ações sejam feitas sempre que possível pela mesma sequência e sem saltar "passos".
É normal, por exemplo, uma criança de dois anos sair para passear ao fim de semana e querer levar com ela os mesmos objetos que leva para creche, ou num dia mais fresco, não querer levar o casaco para a rua, porque nos dias anteriores também não o levou. Todos estes comportamentos se devem a esta necessidade de ordem.
Uma questão muito falada em família é a arrumação de brinquedos. De facto, apesar da necessidade pela ordem, uma criança pequena é ainda incapaz de organizar os seus bens. Deixar os objetos espalhados aguardando que a criança arrume, apenas vai transmitir-lhe a imagem que o ambiente pode permanecer daquela forma, por um período incerto.
É sensato arrumar o ambiente ao longo do dia ou sempre que necessário. A criança que já consegue carregar coisas, deve ajudar sempre, de forma a incentivar o procedimento correto. À medida que a criança cresce, é desejável que vá interiorizando e automatizando esta prática, mas, na verdade, só por volta dos seis anos é que deixará de ser necessário lembrá-la.
5. MÚSICA E RITMO
A aprendizagem musical é inerente à criança e assim como com a linguagem, ela aprende a cantar, dançar e a fazer ritmos sozinha. As crianças adoram associar músicas a certas pessoas, animais, situações ou rotinas do dia-a-dia. Uma canção ajuda imenso na hora de comer, do banho ou de dormir.
A criança deve aprender a tocar, pelo menos, um instrumento. Começar a estudar música, nomeadamente, leitura de pautas, oferece grandes benefícios ao bom desenvolvimento cognitivo.
Como a criança até aos seis anos encontra-se num período de formação cerebral intensa, qualquer hiperestimulação é prejudicial. Existem estudos que aconselham música clássica. Por exemplo, para uma altura mais ativa ou de brincadeira, temos Wagner ou Mozart, enquanto que para relaxar e adormecer é aconselhado Bach e para tornar um dia mais doce e alegre, algumas das estações de Vivaldi.
Ouvir (boa) música ajuda a expressão corporal, melhora a coordenação motora e o foco, permite o contacto com outras culturas, aumenta memória e a criatividade e desenvolve a linguagem e o raciocínio matemático.
6. GRAÇA E CORTESIA
Conviver em sociedade é difícil, porém fundamental. Ao contrário da linguagem ou da música, para a criança aprender os comportamentos corretos, os adultos serão os seus modelos por muito tempo.
Para ensinar um comportamento adequado a uma criança é preciso explicar de uma forma simples e clara e é muito importante demonstrar. Por exemplo, pôr o braço à frente quando tosse, ou cumprimentar as pessoas quando se chega a um certo local.
7. REFINAMENTO DOS SENTIDOS
Os sentidos são os recetores do mundo. Decorrendo daquilo que os nossos sentidos absorvem, podemos sentir dor ou prazer.
O objetivo de qualquer atividade desenvolvida pela criança neste período sensível é refinar a sua perceção do mundo, por isso se pode afirmar que o refinamento dos sentidos é o processo pelo qual a criança se torna capaz de perceber aquilo que deseja absorver do ambiente.
Levar objetos à boca, cheirar os alimentos, perfilar brinquedos, encaixar potes uns nos outros, etc..., todas estas atividades não têm um objetivo exterior, mas sim decorrem da necessidade intrínseca da criança em desenvolver a sua própria sensibilidade.
Na próxima publicação falarei sobre os períodos sensíveis da escrita e da leitura, que surgem logo a partir dos três anos.
Beijinhos e Abraços!
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